"Dona Irene?
Por quê eles são tão felizes?
 
Tia Irene?
Por quê ela não veio?
 
Mamãe? Ops! Sinto muito...
Mas, por quê ela não está comigo?
 
Perguntava eu
Menino sozinho
Sem a mãe
Em uma simples apresentação de escola.
 
Um anjo caído
Entre bem e o mal
Vivo em turbulência.
 
"Filho, você não é todo mundo!"
Eu sei mamãe...
Pena que nunca escutei isso.
 
O limite?
Não o reconheço...
Que Deus é esse?
Que fez sua mãe
Abandonar seu filho?
 
Tia...
Será que ela vem mais tarde?
"Calma querido,
Talvez ela tenha sido
Assaltada
Morta
Estuprada.
E te abandonou
Sem um pingo de dó".
 
Previsível, eu diria
Desde muito novo
Era responsável pela casa
Comida e roupa lavada.
 
Mãe...
Cadê você?
"Desisti de você".
 
Tudo bem mamãe...
Afinal, mãe é para sempre...
Né?
 
Sinto sua falta, mamãe...
Mãe?
Você?
 
Não reconheço mais
Como tratar
O fantasma que me assombra
 
E que deixou de existir
A séculos atrás
 
E graças a ele
Minha mente também não.
 
Depois do whisky mais barato
Cigarro de palha
E meu pescoço enforcado.
 
Não existe mais você.
Não existe mais eu 
Não existe mais, nós.
 
— Elly Batista
 
(KANT - Purgatório - Inspiração)
Mamãe?
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